terça-feira, 8 de março de 2011

O Estágio Faz De Contas

O estágio do faz de contas

O estágio do “faz de contas.”
LEI Nº 11.788, DE 25 DE SETEMBRO DE 2008 é bem clara na sua definição do significado da palavra “ESTÁGIO”, como segue na sua interpretação do seu artigo vestibular:
Art. 1o Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam freqüentando o ensino regular em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos.
§ 1o O estágio faz parte do projeto pedagógico do curso, além de integrar o itinerário formativo do educando.
§ 2o O estágio visa ao aprendizado de competências próprias da atividade profissional e à contextualização curricular, objetivando o desenvolvimento do educando para a vida cidadã e para o trabalho.
Art. 2o O estágio poderá ser obrigatório ou não-obrigatório, conforme determinação das diretrizes curriculares da etapa, modalidade e área de ensino e do projeto pedagógico do curso.
§ 1o Estágio obrigatório é aquele definido como tal no projeto do curso, cuja carga horária é requisito para aprovação e obtenção de diploma.

Foi com base na interpretação da lei acima que Rodrigo, um estudante esclarecido de classe média alta, matriculado em um dos cursos TTI técnico em transações imobiliárias e, antes de se aventurar em qualquer imobiliária, fez uma pesquisa de mercado para se candidatar a uma vaga de estágio.
Rodrigo era de boa formação cultural. Para ele, estagiar em uma grande empresa era fundamental. Um belo dia, Rodrigo se encontra casualmente com um amigo economista e pediu que ele o indicasse uma grande empresa do ramo e foi ai que começou toda a história.
No interlóquio. Rodrigo escutou do seu amigo economista o seguinte:
- Poxa! Rodrigo, eu vou te indicar uma empresa do ramo de vendas de imóveis, esta empresa parece ter um marketing agressivo no Brasil.
Rodrigo, entusiasmado e cheio de vontade de aprender o novo ofício, não pensou duas vezes. Procurou a tal empresa, fez a entrevista e no seu primeiro dia de estágio e foi acompanhado até a um grande edifício de sua cidade, por um senhor que se dizia gerente da dita interprise.
Era um belíssimo prédio, daqueles de um milhão de reais por andar. Cliente para este tipo de imóvel aparecia eventualmente um a cada quinze dias.
Ainda entusiasmando, Rodrigo foi apresentado ao porteiro, o único habitante daquela monstruosidade de engenharia. Foi então que o tal gerente mostrou ao Rodrigo uma daquelas cadeiras brancas de plástico por trás de uma recepção de balcão de granito e disse com todo o entusiasmo:
- Rodrigo! Seja bem-vindo ao seu novo local de trabalho.
Rodrigo olhou para cima, para baixo, esquerda e depois direita e em seguida fixou seus olhos cara-a-cara com o seu gerente.
- Eu vou estagiar aqui? E quem vai ser meu responsável técnico?
O tal gerente já não gostando daquela pergunta respondeu:
- Responsável técnico? Aqui a empresa é seu responsável técnico.
Rodrigo já insatisfeito com aquela situação fez outra pergunta:
- E quem é que vai me ensinar?
- Leia este livro que você vai aprender muitas coisas. – Disse o gerente.
Rodrigo estava ficando vermelho de raiva. E pensando. – Este gerente esta convicto de que eu estou em estado de necessidade, só pode! Ou que eu sou algum alienado. E fez mais perguntas ao dito sujeito.
- Senhor, e se eu vender algum imóvel, como fica meus ganhos?
O gerente já sem paciência disse:
- Olha Rodrigo, este assunto já não é comigo é com outro departamento, é com outro gerente. Você sabe que nós somos uma grande empresa. Vamos fazer o seguinte, depois agente conversa sobre este assunto de dinheiro em caso de vendas ok?
Rodrigo, já se sentindo um escraviário, começou a ter uma sensação de sede insuportável e procurou por todos os lados conseguir um copo d’agua. Finalmente só conseguiu agua por que eventualmente o porteiro tinha providenciado um filtro de barro comprado num mercado central. E, para finalizar, o estagiário, já decido, fez a última e fatal pergunta ao tal gerente:
- Senhor! Eu ainda não recebi minha carteira de estagiário emitida pelo CRECI e pelo que fui informado, a carteira será entregue em duas semanas. Por este motivo pergunto. Devo começar este “estágio” daqui a duas semanas?
O sujeito de imediato respondeu:
- Não, você pode começar agora mesmo. Não se preocupe que o problema da carteira de estágio nós resolveremos.
Rodrigo sabendo que se tratava de uma contravenção penal estagiar sem a devida autorização do CRECI. Ficou calado por alguns segundos. Olhou mais uma vez, bem no fundo dos olhos do tal gerente, respirou e desabafou.
- Agora eu entendi tudo. Disse Rodrigo roxo de raiva, porém com muita classe e elegância. E continuou sua conclusão silógica.
- Este estágio que o senhor está me oferecendo, senhor gerente, é ume estágio do faz de contas. Eu faço de contas que estou estagiando, e a sua grande empresa faz de contas que está me ensinando. E fica tudo por isto mesmo, não é isto?
Rodrigo deu meia volta, cumprimentou o porteiro e disse ao se despedir do gerente.
- Já que aqui tudo é na base do faz de contas, faça de contas senhor gerente. que eu jamais estive por aqui. Até por que estagiar sem a devida autorização do CRECI é uma contravenção penal com base no artigo 47 do DECRETO-LEI Nº 3.688, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941. E passar bem.

Moral da história:
Até para se fazer um simples estágio é preciso o candidato ser bem esclarecido. Conhecer da lei e do mercado, para não cair em armadilhas.
“Saiba mais RESOLUÇÃO-COFECI Nº 341/92 SOBRE O ESTÁGIO OBRIGATÓRIO”

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